terça-feira, 19 de novembro de 2019

Monografia Missão em Angola

Pelo interesse histórico publicamos neste blogue o acesso à "Monografia Missão em Angola" publicado no Blogue da Companhia de Caçadores 2505

"Missão em Angola é uma monografia da época sobre aquela então Província Ultramarina, cuja dissertação reflete o ano em que foi publicada, com informação aos combatentes da sua missão, do aspecto físico, humano e económico daquele território, além de algumas notas de aspecto prático e militar.

Trata-se de uma publicação do Estado Maior do Exército datado do ano de 1967, composta e impressa nas então Oficinas Gráficas da S P E M E."

sexta-feira, 11 de abril de 2014

0. Nota da edição


A Edição do livro do Batalhão, neste Blogue, não significa que estejamos de acordo com o seu conteúdo ou parte dele. A sua publicação teve como objetivo dar a conhecer um documento elaborado no ano de 1971, no final da comissão, pelo comando, e que dá a conhecer alguns aspetos da ordem vigente nessa altura.

Esta é uma narrativa do ponto de vista de quem detinha o poder, pois o sentimento, podemos afirmar, não seria bem o mesmo por parte de quem tinha o dever de obdiência, como nós que faziamos parte das chefias intermédias e, que tínhamos o privilégio de conviver mais de perto com a maioria dos militares.

Outro dos objetivos da edição, prende-se com a publicação da composição dos efetivos militares de cada companhia, no espaço aqui reservado para esse efeito, perpetuando os seus nomes.

Este Blogue não pretende ser um espaço dinâmico, nem substituir-se aos Blogues das Companhias, esses sim, deverão ter essa missão de divulgar os acontecimentos mais marcantes da nossa passagem por terras de Angola (narrados por quem os viveu, afastando-se ou não, das versões dos relatórios oficiais, ou ainda, revelando factos, que até hoje permaneceram em segredo).

1. Saudação do Comandante

Militares do B. Caç. 2872 *

Este pequeno livro é como que o álbum da Família do nosso Batalhão.

É uma recordação das boas e más horas que vivemos, de 1969 a 1971, devotados em ANGOLA ao serviço da Pátria.

Alegrias e tristezas, dores e fadigas, o fogo e o sangue de alguns, cimentaram a nossa amizade e irmanaram na luta.

“Aqui, ali ou além, no Norte, no Sul e no Leste, servimos e, com entusiasmo, cumprimos todas em muito variadas Missões que nos foram incumbidas.

Orgulhosos do Dever cumprido, agradecemos a Deus o seu auxílio, lembramos com saudade os que não chegaram ao fim, honremos os que verteram o seu sangue e aqueles que,  em total sacrifício morreram para que viva PORTUGAL.

O vosso Comandante orgulha-se de vós e saúda-vos.

O Comandante
António de Almeida Gonçalves Soares
Tem. Cor. Infª

*Texto produzido em 1971

2. Conquistando os Corações se Vence a Luta










SONETO
POR ANGOLA 

Acima de ódios e paixões do mundo.
Tão forte com a ânsia de vencer,
Em nossos peitos vive amor profundo
A Pátria que juramos defender.

Do Tejo ao mar a nossa gente desce,
Lá ficou a mãe e amada querida:
A Bandeira, por nossas mãos erguida,
Aqui elevamos com uma prece.

Mais além que tarefa de soldado,
Nossos irmãos viemos abraçar
E juntos caminhamos lado a lado

Com amor, decisão e mor firmeza:
Em Angola viver e trabalhar 
À sombra da Bandeira Portiguesa
Lema do Batalhão

Vem o estranho e acende o ódio bruto;
- P’ra dominar o mundo, vai tecendo
Intriga, falsas promessas fazendo..;
Envia a Morte que semeia o luto.

Guerra Cruel mantém p’ra gosto seu.
Entre os de cor, Irmãos da Lusa gente
- Que em paz vivia e a Deus era temente
A discórdia lança, que é fruto seu.

Soldado, leva a paz a teus irmãos
- Entre quem preconceitos nunca houve -,
Pede a Deus te inspire princípios sãos.

Para que a Pátria teus feitos nobres feitos louve
«Conquistando os corações se vence a luta».
Não só p’las armas, nem com força bruta.

3. Hino do Batalhão



I
Aqui, ali, ou além
Sirvo Portugal amado,
Sinto orgulho no meu peito
Por às armas ser chamado

II
Pela Pátria Portuguesa
E sem temer o perigo,
A sorrir mas com firmeza
Avanço p’ró inimigo.

REFRAIN
Deixei minha amada,
Deixei minha mãe,
Vou co’a Pátria amada,
Vou com Deus também.

Eu levo o amor,
Eu levo o pendão,
Não tenho temor
No meu Batalhão

III
Com a arma na mão,
Ao perigo faço frente;
Quero ser o mais valente
Soldado do Batalhão.

IV
Camarada, meu irmão,
Tu podes contar comigo;
Que eu sempre conto contigo
Por que és do Batalhão.

V
Combato por Deus e glória,
P’lo povo sempre leal;
Para juntar à História
Mais feitos de Portugal.

VI
Canto o Hino de vitória
Que vejo já vir além;
Vem compartilhar a glória
Minha ama, minha mãe.

4. Percurso do Batalhão

Nascido e criado
no RI 2, atingiu
a maioridade no
CIM Sta. Margarida

Recebeu o guião,
Despediu-se ...




... E partiu
do Cais da Rocha
a 8 de maio de 1969
a bordo do paquete Uíge







A 21 de maio chegou a Luanda e a 10 de junho desfilou ao som de aplausos que premiaram o seu garbo e aprumo, expressão viva do seu ideal firme de servir a PÁTRIA.





Aquartelado em J. C. no C. M. do Grafanil, teve como 1ª missão garantir a tranquilidade e segurança da população de Luanda

E indo além do que lhe era estritamente exigido, não poupou esforços para tornar as suas pobres instalações num ambiente limpo, belo e funcional, tapando buracos, ajardinando, pintando ampliando  e consntruindo uma Capela no seu característico estilo POP.

Entretanto, parte da C. C. S., na Zona dos Dembos, colaborava  na Operação ROBUSTA (junho - julho)  enquanto que a Companhia de Caçadores 2505, nas matas do DANGE, garantia a construção de estradas e punha todo o seu ardor a combater na Operação "GRANDE SALTO" (de junho a dezembro 69).


Na coutada do  Mucusso, (Cuando-Cubango), a Companhia de Caçadores 2506 melhorou  e construi aquartelamento, garantiu a segurança das Populações e combateu nas terras do 
"FIM DO MUNDO"
agosto de 69
a abril de 70











Nos Dembos (Dange) a Companhia de Caçadores 2504 garantiu a segurança da construção  do fortim da ponte sobre o rio e recuperou populações.

(janeiro 70 - abril 70)












Em maio de 70, com toda a Família reunida comemorou o seu 1º Aniversário Angolano, realizando cerimónias religiosas e militares, refeições festivas, atividades desportivas e um sarau recreativo transbordante de alegria POP.




De 24 de junho a 21 de julho a Companhia de Caçadores 2505 foi atuar na área de Namboangongo como Companhia de intervenção.





Todo o Batalhão como Unidade de intervenção da RAM realizou em agosto de 70, a Operação "ARRANCADA" na Zona do Rio Zenza com o apoio de uma B. Art.















EM FINS DE AGOSTO 70, O BATALHÃO PARTE PARA UMA NOVA MISSÃO NA  ZONA MILITAR LESTE

 Longa Coluna                                  Longa Viagem

Durante o mês de setembro, na Área de Camgumbe, realizou a Operação "ESCOVAR", onde combateu, patrulhou, reconstruiu pontões, abriu picadas, recolheu populações e reorganizou o quimbo do Caminhão.



A PARTIR DE OUTUBRO A C.C.S. E A COMPANHIA DE CAÇADORES 2504

 Escoltando MVL                              Abrem Itinerários

 Construíndo Instalações



Combatem
nas 
Chanas





A C- CAÇ. 2505 NO CANAGE, LUCUSSE E LUNGUE-BUNGO E A C.CAÇ. 2506 NO LUSO SACASSANGE, DÃO PROTEÇÃO AOS TRABALHOS DE ASFALTAGEM DE ESTRADA LUSO-GAGO COUTINHO








A 8 de maio, apesar de terminar o seu calendário dos dois anos continuou com o mesmo entusiasmo guerreiro e espírito de bem servir a cumprir a missão que lhe fora confiada, esperando pelo dia em vez de uma carta chegue um navio que o leve para a metrópole.


Todos partindo com plena consciência de ter cumprido com honra o seu dever para com a PÁTRIA  e a determinação de, como bons cidadãos contribuirem para um Portugal melhor.